É inevitável a percepção de que não somos suficientes e nem eternos nas posições de liderança que nosso Deus nos colocou. Como batistas, somos desafiados, inclusive por nossa estrutura eclesiástica, a vivermos uma constante renovação de liderança. Tendo isto em vista, a inevitável realidade da renovação e a inegável limitação temporal nossa, devemos nos colocar a pensar como interagimos e reagimos diante das novas gerações de líderes.
Muitos obreiros reclamam da falta de auxílio, dizem coisas como: ninguém quer ajudar, ninguém se dispõe a nada etc. O que estes irmãos não percebem é que na maioria das vezes existe uma atitude do obreiro que influencia demais este tipo de comportamento. Pastores que centralizam tudo em si e que querem manter todo o controle acabam não controlando nada e ficando para traz nos grandes desafios ministeriais.
Muitos de nós fomos treinados para andarmos sozinhos, lembro-me de quando sendo seminarista ouvir pastores falarem sobre a famosa “carreira solo”, mas os desafios do ministério exigem que aprendamos a compartilhar atribuições e responsabilidades. Os apóstolos nos ensinaram a compartilhar nossa liderança com outros líderes.
Olhando para o capítulo seis do livro de Atos dos Apóstolos, encontramos uma história que reflete isto. Havia uma demanda reprimida de atenção ao cuidado dos membros carentes (viúvas), um sinal de falha na capacidade dos apóstolos em atender todas as necessidades de tantas pessoas. Diante disso, a ausência de liderança adequada gerou distúrbios na atuação da igreja, o que findou por uma reclamação pública.
Muitos de nós faríamos uma reunião de liderança. Começaríamos a trabalhar atentamente na reparação do problema. Faríamos uma assembleia para planejarmos como poderíamos verificar a distribuição de alimentos. Criaríamos métricas para mensurarmos se de fato estava havendo o que se afirmava, talvez até colocaríamos em disciplina algumas pessoas, ou pela acusação ou pela má distribuição.
Ao final estaríamos exaustos e não teríamos tratado do âmago do problema. Talvez por uns dois meses tudo ficaria em paz, até que o problema aparecesse de novo, talvez num grau maior, gerando a necessidade de mais desgastes, mais trabalho de supervisão etc.
A verdade é que tudo que os apóstolos precisavam fazer, e alguns de nós também precisamos, era arranjar gente confiável e madura espiritualmente para tomarem conta daquela situação, eles precisavam de novos líderes compartilhando as cargas.
Os apóstolos aprenderam liderança na escola de Jesus, aquela mesma que ensinava que: “quem não é contra nós, é por nós.” (Mc9:40). Então, ao invés de ficarem desesperados em busca de fazerem pessoalmente a distribuição ou supervisão da distribuição, eles disseram a igreja o que era a meta principal do ministério deles e orientaram que a igreja escolhesse pessoas espiritualmente saudáveis para assumir esse papel. Sequer eles perderam tempo na escolha daquelas pessoas. Tudo que os apóstolos fizeram para resolver aquele grande problema foi orientar na escolha de novos líderes.
Depois de escolhidos, os apóstolos então impuseram as mãos sobre aqueles que a igreja escolheu para uma importante, mas secundária missão, dando-lhes apoio e a autoridade espiritual que eles precisavam no ministério.
Pastor, talvez seja a hora de olhar para o que realmente é sua parte na missão. Reconhecer sua necessidade de ajuda e pedir que a igreja levante pessoas com as quais você possa compartilhar as cargas do ministério. Convide pessoas para a obra, lhes invista de autoridade e deixe que elas desenvolvam a obra. Não será exatamente igual a como você faz, talvez até você se sinta um pouco preocupado e incomodado no início, mas apenas dê suporte a pessoa e confie no que Deus irá fazer.
Outro texto importante sobre liderança que cabe aqui é o de êxodo, no capítulo dezoito. Ali o sogro de Moisés lhe faz uma importante observação. “O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer.” (Ex18:17,18). O texto continua com ele aconselhando Moisés a se concentrar no ensino dos princípios estabelecidos por Deus e a estabelecer liderança que seguisse numa ordem de até 1 para liderar 10. Ficando com Moisés apenas com aquilo que os líderes não pudessem resolver.
Querido irmão, se o ministério está te deixando sobrecarregado, talvez seja o momento de chamar a liderança, compartilhar a necessidade de você voltar a se concentrar na oração e na Palavra, assim como os apóstolos ensinaram. É o tempo de buscar novos líderes, pessoas integras e fiéis ao Senhor que possam levar parte da carga. Deus não te convocou para fazer toda a obra sozinho, ele te chamou para aperfeiçoar (treinar) os santos para a obra do ministério, conforme Ef 4:12.
Pr. Riedson Filho.
3 Comments
Muito bom! Glória a Deus!
PREPARANDO NOVOS LÍDERES E REDUZINDO A CARGA
muito boa palavra e traz uma aprendizagem adequada e pedagógica para quem deve trabalhar
com o ensino e o treinar ou liderar
obrigado pr. Riedson
I have learnt some valuable advice from reading this.